18 março, 2009
«« velhice««
Nessas rugas que trazes no rosto
Vejo a esperança de quem espera e na espera desespera
Nesse olhar brilhante, vejo a vida que geraste, para trás a deixaste
Vejo castelos que sonhaste, sonhos que abandonaste
Vejo todas as amarguras que escondeste
Em cada cabelo branco, vejo o desespero para criar os filhos
Vejo os anseio que neles depositas-te, vejo tudo o que não fizeste
Para que eles pudessem fazê-lo
Nas tuas mãos calejadas pelo cabo da enxada, vislumbro o suor escorrendo
Com que regaste estes campos, em águas límpidas de esperança
Mano a mano com outros homens da terra, que construíram quimeras
Que o vento tratou de levar, nada sobrou, restou esse olhar
Onde me encanto, sempre que te vejo nesse banco sentado
Parado, cismado, embriagado nas recordações que te trazem à lembrança
O tempo em que neste Alentejo, se olhava a noite como propicia ao descanso
E o novo dia como um novo alvorecer,
Nas mentes que em tempos sonharam que esta terra haveria de vencer.
Nada mais consigo fazer senão olhar-te esperar que um dia acabes por morrer
Nesse dia meu amigo lá estarei, um punhado de terra te oferecerei
Para que de uma vez por todas por este chão deixes de sofrer.
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