26 novembro, 2007
Renascendo
Já sentiram um arrepio no corpo
E ao mesmo tempo uma doce ternura
Já sentiram na boca o gosto
A fruta da época madura
Já se deram de forma segura
Como se fosse a primeira vez
Num entregar de branca candura
Ao amor que nasceu outra vez
Já esqueceram a sensatez
Que os anos vieram trazendo
Até esqueceram os porquês
E ao amor se entregaram querendo
Não pensem no que estão fazendo
Se entreguem de corpo e alma
Pois de novo estão aprendendo
A viver a vida e a amá-la…
Cantar Alentejano
O cantar Alentejano
De uma beleza tão pura
No seu todo mano a mano
Canta a terra e a bravura
Na sua doce brandura
O cantor eleva a voz
Vai cantando a amargura
Que herdou dos seus avós
Na memória de todos nós
Os que no Alentejo nasceram
Ficou gravada a voz
Dos que pela terra morreram
Dos que pela terra viveram
A lutar pela liberdade
Mas acho que já esqueceram
Esses tempos de ansiedade…
22 novembro, 2007
Para ti menino
Hoje olhei para ti
Menino que moras na rua
Com a dor dentro de mim
Menino de vida nua
Menino que vida a tua
Que vives na escravidão
Já conheces essa rua
Como a palma da tua mão
Onde mendigas o pão
E a fome vais enganando
Onde foges da repressão
E na vida vais andando
Teus olhos estão a gritar
O quanto já sofreste
Ninguém parece notar
Que ainda hoje não comeste….
15 novembro, 2007
13 novembro, 2007
Só um favor
Será que posso pedir
A Deus um pequeno favor
Será que Ele me pode unir
Para sempre ao meu amor
Será que acaba com a dor
Que me aperta o coração
Será que ele ouve o meu clamor
E abençoa esta paixão
Será! Será! Que ilusão
Deus tem mais que fazer
Do que ouvir o coração
De quem por amor está a sofrer
De quem está a sofrer
Por não estar com quem queria
Será que Deus vai entender
Esta minha fantasia
Para quem escrevo
Perguntaram para quem escrevo
Respondi para toda a gente
Meus versos se inspiraram
Nos meus sonhos simplesmente
Quase de forma cadente
Escrevo o que me vai na alma
Solto de forma crescente
Retalhos de uma dor calma
Se é que na dor pode haver calma
Talvez me esteja a lamentar
São dores que me vão na alma
Na mais simples forma de rimar
É uma forma de estar
De contra a razão correr
É uma maneira de agitar
Esta minha forma de ser
08 novembro, 2007
Escuridão
Que coisa feia é a escuridão
Que serpenteia nos espíritos aflitos
E vai criando a ilusão
Que nos perdemos em labirintos
Cria um vazio sempre distinto
O som do escuro pela noite fora
Nada mais é que os nossos instintos
A perguntarem se ainda demora
Se falta muito para adormecer
Se a noite nunca mais acaba
Se ainda demora o amanhecer
Se vou passar a noite acordada
E mais uma vez me encontro acordada
Com um livro na mão
Vou lendo o nada
Da escuridão…. Que frustração!!
Se eu pudesse voar
05 novembro, 2007
Expectativa
Expectativa o que é
Porque temos que a criar
É um simples rodapé
De uma dor a latejar
Porque temos que depositar
Nos outros as expectativas
Quando devíamos comandar
O correr das nossas vidas
Vida de vida sem vida
Não é mais que um lamento
Vidas de vida por vida
A passar por mil tormentos
Nunca devemos criar
Expectativas sem razão
Nunca devemos deixar
Que nos leiam o coração
Está escrito na palma da mão
Os amores que vamos ter
Está escrito a desilusão
Do que não vamos viver
Mas quase sem perceber
Expectantes nós ficamos
Com o amor a renascer
E de novo nós sonhamos
Criança de olhar vazio
Vives da esmola dada
Vives na vida com frio
Triste sorte malfadada
Sentada nessa calçada
Vais estendendo a mão
Recolhes sobras de nada
Em bolinhas de sabão
Tocando uma alegre canção
Distrais o povo que passa
Vais recolhendo a ilusão
Na moeda que cai na caixa
Percorrendo as esquinas da Baixa
Da rua Augusta ao Rossio
Pareces a maré baixa
Que foge nas águas do rio
Que foge nas águas do rio
E que termina no mar
Criança de olhar luzidio
Que fizeste para tal penar??
02 novembro, 2007
Regaço
Amor escondido
Amor no peito escondido
Amor que estava guardado
Amor louco amor sentido
Amor sem ser apressado
Como é bom estar a teu lado
Deixar o tempo passar
Amor que parece talhado
Para os corpos fazer vibrar
Amor que soubeste dar
Estavas escrito no tempo
Tu vieste apaziguar
E trouxeste um novo alento
Trouxeste um novo alento
Para os corpos em sintonia
Amor que vieste no vento
Pelos mares da fantasia
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