28 fevereiro, 2009
««Feliz aniversário David««
Quantas são as ilusões de mãe adolescente
Transforma a esperança na vida que carrega
Em percurso escolhido para todo o sempre
Na continuidade do sonho a que se entrega
Cresceste de mim, amadureci contigo
As brincadeiras que deixei de ter, passaram para ti
Meu filho querido, companheiro amigo
A criança que deixei de ser, renasceu assim
Do menino ao homem feito, revejo-me em tudo
Simbiose perfeita em vivências de esperança
Crescendo para a vida em linha recta
Acredita na minha confiança, quantas vezes no silencio
Nos trilhos que escolhestes para atingires a meta
De homem maduro, nunca esquecendo o catraio
27 fevereiro, 2009
««Crepúsculo de fim de dia««
A essência da paixão é amar e ser amado
Cantar de viva voz soberba melodia
Saborear néctar de prazer adocicado
De dois corpos se tocando, em perfeita sintonia
Nessa paixão quero morrer de desejo
Ensaiando a melodia num acertar de compassos
Quero acordar de noite e sentir o teu beijo
Esquecer o mundo enroscada em teus braços
Em paixão ardente quero perder-me da vida
Subir aos céus, escrever no firmamento
Meu amor por ti, em tinta incandescente
Adormeço e acordo, contigo no pensamento
Meu sonho de amor em alma transparente
Crepúsculo de fim de dia, embalado no vento
26 fevereiro, 2009
««Salpicos de luz««
Ardo em lume que me consome
Tão funesta é a solidão, quem diria
Minha alma grita morrendo de fome
Desfalece em rimas de poesia
Rompe na alvorada, no nascer do dia
Em versos que gritam meu amor sonhado
O vento carrega minha fantasia
De um dia acordar contigo a meu lado
Calo palavras sem jeito de amargura
Para não acordar as pedras da rua
Digam estou louca, não temo censura
Num poema cantante um dia serei tua
Escreverei na terra um hino à ternura
Em salpicos de luz dançaremos na lua
««Ao poeta««
Descodifico em cada poema lido
A alma transparente de poeta Alentejano
Quantas vezes um pouco entristecido
Quem sabe é da terra, ou antes porque é humano
Descodifico por entre as palavras
A tórrida aridez dos campos sem trigo
Toda a frescura das manhãs orvalhadas
De poeta andante sem porto de abrigo
Montemor terra trigueira, mãe abençoada
Transformaste a alma do filho que geraste
Em estrela luzente pela madrugada
Em cada palavra que lhe ensinaste
O poeta grita uma escrita, ora doce, ora amargurada
Por entre pedras soltas, é como se o poeta te beijasse
25 fevereiro, 2009
««amor é««
Amor não é passageiro
Agora chega e logo acaba
Não é vendaval em mês de Janeiro
Não se joga fora porque já farta
Não olha a cor, nem a dinheiro
Não vira as costas, porque a vida é chata
Amor é caminhar de mãos dadas
Olhar de frente quem está ao seu lado
Dizer palavras ponderadas
Mesmo que o outro esteja errado
Precisa que ás vezes lhe sequem as lágrimas
Gosta de sorrir e ser abraçado
Amor não é caso pensado
Aparece sem pedir licença
Não gosta de ser enjaulado
Não é sentença, muito menos crença
Não se fecha à chave porque está amuado
Amor é constante presença
Numa vida faz toda a diferença
Aos olhos de quem ama
É centelha de vida, não é doença
Amor não começa e acaba na cama
Continua amando na indiferença
Porquê apagar a chama
Se o amor te bateu à porta
O coração nunca se engana
Mesmo que a vida te pareça torta
Ao alcance da mão, está quem te ama
««Existirá alguém««
Existirá alguém que me ensine a sorrir
Numa centelha de vida me ensine a sonhar
Me mostre a vida numa flor a florir
Num abraço apertado me ensine a andar
Em ruelas de ilusão nossa vida é trilhada
Por encostas tão íngremes, montanhas desleais
Quase sempre tropeçamos em pedras espalhadas
Martírios sem fim, flagelados em vendavais
Vou correr por aí ao encontro do vento
Na planície marcada por sonhos de amor
Vou espalhar pela terra enorme lamento
Quem sabe no campo escutarei o clamor
De alguém cantando cantigas sem tempo
Me olhe a sorrir, me ensine a pintar, a vida com cor
24 fevereiro, 2009
««Sonhos de mulher««
Dei de caras com a realidade
A que temia , teimava em não ver
Empurrou-me na esquina, passou a correr
Deitou-me ao chão frio da verdade
Flagelou-me a pele em ventos de tempestade
Quem me dera agora enlouquecer
Para sempre dormir , não querer saber
Que o mundo gelou em glaciar de verdade
Fechar os olhos, sentir que voava
Para terra distante me transportava
Amanhã de manhã, fingir voltar a nascer
E a vida rescrever sem a palavra pensar
Para nunca , nunca mais acalentar
Sonhos de mulher em frases por dizer
««Amores infelizes««
Quando as palavras ficam por dizer
As almas estão cansadas, ou o sonho findou
Talvez a constatação de que nem amou
Foi um breve momento a esquecer
Quando a realidade se começa a esconder
Perde-se a noção do que se calou
Do que se perdeu , ou nunca se encontrou
A culpa não é nossa, acabamos por dizer
Ideias pré concebidas de dias felizes
Caiem por terra num breve deslize
Amordaçar de sonhos, afastar de almas
Perderam-se as promessas feitas
Por caminhos escuros , ruelas estreitas
Afogaram-se ilusões em águas tão calmas
22 fevereiro, 2009
««Osmose desequilibrada««
Mente torta
Que transportas a ilusão
De ter o que não tens não
Pedaços em turbilhão
De sonhos feitos nada
Osmose desequilibrada
Em versos de insatisfação
Pedaços de frustração
Por entre reste-as de ilusão
De vida quase parada
Cegueira casta
Que turva o coração
Em palavras de paixão
Como quem segura na mão
Uma escrita um tanto casta
Cabeça oca
Só olhas em linha recta
Esqueceste a imensidão
Dos campos de visão
De uma linha enviesada
Ideia gasta
Em bocas de aflição
Ruidosa negação
Que tortura o coração
E na cabeça é aresta.
21 fevereiro, 2009
««Palavras de tudo ou nada««
Cala-te palavra
Que a boca amordaça
Não vês que não tem graça
Tanto alarido por nada
Palavra feita lavra.
Palavra conta
Mil contos de encantar
De criança bem fadada
Como flor que desponta
Por entre terra lavrada.
Grita palavra de fé
Sonora, abençoada
Amada, venerada
Ás vezes esconde o que é
Uma causa perdida, nada.
Sussurra palavra amor
Hora morta na madrugada
Junto ao peito da amada
Floresce em tal esplendor
Que precisa ser regada.
Chegas-te palavra morte
Assim sem dizer nada
A vida está acabada
Cada um com sua sorte
Triste vida malfadada.
Restou a palavra saudade
Nesta mente baralhada
De palavra arrastada
Em rimas de enfermidade
Saudade minha aliada
20 fevereiro, 2009
««Olha a saudade««
Já olhas-te de frente a saudade
Aquela que machuca a existência dia a dia
Nos fere com flechas de fel e nostalgia
Nos conduz por clareiras de ansiedade
Saudade de um amor da eternidade
Transcrito para o papel em poesia
Tentando acalmar a sede em água luzidia
Despindo a alma, vertendo cumplicidade
Já tentaste perguntar se é amor
A saudade que te traz rimas de dor
A que escreves em mil palavras de ilusão
Pergunta à saudade perdida no tempo
Buscando amor no campo ao relento
Porque foge de mim, me afasta de ti, qual razão
«« Vontades a bailar ««
Até quando meu amor, este tormento
De vontades a bailar a subsistir
Em desejos inacabados a submergir
Para quando meu amor o esquecimento
De promessas e afagos a repartir
De lonjuras feitas nada, encantamento
Em ternos anseios breves momentos
Saudades esquecidas, em tão breve sentir
Por ti chamo, responde-me o vazio
Grito silenciado na noite morta
Enrosco-me no nada, tremendo de frio
Envolvo-me em mantas de negro chão
Minha alma retalhada em aflição
Adormece em corda bamba de silêncio
19 fevereiro, 2009
««Porque será que te amo««
Porque será que te amo na de vastidão
Desfaleço em cada olhar teu, sei-o
O teu olhar encaminha-me em turbilhão
Pelos sentidos contidos em devaneio
Porque será que te busco na ilusão
De que em ti apago os meus anseios
Que renego no meu corpo a solidão
Enquanto do teu néctar saboreio
Por ti verto lágrimas de saudade
Numa fonte translúcida e gelada
Mato a sede num rio de ansiedade
Que em ti me mantém refém na madrugada
Quando teima em afastar a felicidade
Desta sorte maldita, feita de nada
18 fevereiro, 2009
««Coração««
Coração despido do ser
Que teima em nada ver
Pedaço de vidro transparente
Socalco de terra sangrenta
Nuvem que corre e logo rebenta
Coração quebrado em pedaços
De ilusão
Retalhado em barro nas tuas mãos
Coração de água barrenta
Temendo a paixão, ilusão
Pressentindo que a noite já espreita
Como ela é escura, como ela é fria
Coração que olhastes nos olhos meus
Quem diria, que sofrias
Deslumbramento em águas luzidias
Grossas gotas de orvalho
Regam tuas raízes
Coração pedaço de alma
Rocha de angustia em deslize
Que a vida olha de um declive
Ou serás antes coração dos infelizes
Que teimam em dizer que a dor
São saliências e ausências
Na busca continua do amor
Reticencias …
17 fevereiro, 2009
«« Nas tuas mãos««
Artesão que brincas com as cores
Que nos transportas a um mundo de magia
As tuas mãos transpiram, graça, esplendor
Moldam o barro com garra, energia
O mundo te olha mas não vê tuas dores
Vives tal caco de barro, nas jóias que crias
Assim vais deixando pedaços de amor
Tormentos da vida que abraçaste um dia
Peças de barro, cortiça, madeira
Saberes de outra era deste Portugal
Esculpidos em vidro, ouro, cerejeira
Saem de mãos sábias tal um roseiral
De rosas brancas cravadas nas ribanceiras
Pelas mãos de Malhoa, numa tela irreal
16 fevereiro, 2009
««Andorinhas««
Preto brilhante,
Sedoso macio
Andorinha viajante,
Que volta com o Estio
Pelo céu luzidio
Ela volta voando
No seu antigo ninho
Vai chocar novo ovo
Assim fala o povo
Andorinha que é santa
Apagou as pegadas
Da mula abençoada
Que levou no dorso
Nossa mãe sagrada
Da terra tostada
O seu ninho é feito
No beiral da casa
Que é o meu deleito
««Serra da Estrela««
Deslumbramento nas encostas da serra
Quando chego ao alto, onde abraço o céu
Perco o fôlego, tal a beleza que encerra
Será que as nuvens a cobrem com um véu
Recortes de negro aqui e ali, parecem ilhéus
Serra da Estrela, eterna quimera
Em rios de luz, flocos de neve, tua alma nasceu
Sulcaste as entranhas do ventre da terra
De branco coberta, beleza imaculada
Parece princesa de conto de fadas
Criança traquina, ou mulher caprichosa
Na primavera floresce mulher airosa
Lá do alto vai olhando as casas espalhadas
No seu seio as abriga tal mãe carinhosa
15 fevereiro, 2009
«« Nas abas do teu chapeu««
Nas abas do teu chapéu
É que eu descanso o olhar
Num repente olho pró céu
E dou por mim a pensar
Esta terra é um altar
Coberta de brancas flores
Ribeiros a soluçar
Segredos dos seus amores
Já que a água não tem cor
Responde-me a esta questão
Como vais tu de amores
Quem te prende o coração
Meu amigo eu não sei não
Dos dias que vão passando
Em que vejo a aflição
Do teu peito suspirando
««Paixão««
Nesta hora falo de paixão
Daquela que a alma afaga
Da que traz a ilusão
Que no tempo nunca se apaga
Todas vão deixando a marca
Nas mentes que vão tocando
Mas tem paixão que é tão fraca
Que em pouco se vai esfumando
Ela se abeira cercando
Entra devagarinho
No enleio nos vai enleando
Ao coração fala baixinho
Paixão, amor, e carinho
Caminham de braço dado
Quando se desvia no trilho
Deixa um coração destroçado
Vais dizer que é pecado
Falar assim da paixão
Pecado não, é um recado
Para que resguardes o coração
13 fevereiro, 2009
««Deixa-me louca parecer««
No teu corpo quero cair em tentação
Num rio de sabores e desejos envolver-me
Sentir o calor de dois corpos em fusão
Em labaredas loucas aquecer-me
Quero ouvir no teu peito o coração
Quero desvendar o que tens para dizer
Quero embriagar-me num rio de paixão
Meu amor deixa-me louca parecer
Eleva-me aos céus pelo firmamento
Essa noite será nossa até se fazer dia
Porque os sonhos de amor, desfolha-os o vento
Eleva-me nos braços da fantasia
Serei tua musa num breve momento
E a seguir meu amor, feliz morreria
12 fevereiro, 2009
««Beijos««
Beijos, eternos sabores a fruta madura
pedaços de amora, caramelo, hortelã
feitiços que nos invadem de ternura
que sorrateiramente brilham pela manhã
Em beijos subimos ás mais altas montanhas
rompemos por mares nunca navegados
somos guerreiros de tamanhas façanhas
outras tantas vezes, nos sentimos ultrapassados
Serão os beijos delicias dos enamorados
ou serão o repouso das almas perdidas
quem sabe somente castelos sonhados
Por dois seres que repousam de bocas unidas
perdidos na sorte do instante inventado
quem sabe morrer, nesse momento de vida
11 fevereiro, 2009
««Rimas de um fado««
Quase me sinto sem chão, solidão
pareço ser, um descampado árido
Onde a água não abunda, devastidão
e o céu teima, em ser de um azul pálido
Quando sinto minha alma em turbilhão
logo me vejo, rimas de um fado
Cantado no mais rouco vozeirão
de fadista castiço, maltratado
As amarras que corto nessa hora
quando afasto indolente minha dor
e a medo recolho meu coração
Parecem correntes borda fora
de nau Catrineta em verso de sabor
requentado na fria chama da ilusão
10 fevereiro, 2009
««Se eu morrer amanhã««
Se eu morrer amanhã, quem me chorará
a água da fonte, as pedras da rua
Se me for amanhã, quem se lembrará
a andorinha negra, minha morte é sua
O campo agreste, ele me cantará
melodias em pó, caminharão prá lua
Só o restolho rente, me lamentará
no seu ventre, fica minha alma nua
A terra lavrei, nela semeei, a solidão
por este campo brotarão fontes de sal
no seu leito correrá minha paixão
Por mim não chores, nem tenhas afeição
minha alma virou nuvem afinal
quando chover, alagará teu coração
«« Se eu te falar de amor««
Se eu te falar de amor
Tanta coisa te vou perguntar
Porque é que amor rima com dor
E a saudade, porque teima a seu lado estar
E só estou a começar
A conversa está no inicio
Porque tantas vezes o amar
Vira enorme sacrifício
Tal qual fogo de artificio
Que brilha em rios de fogo
Ás vezes parece que é vicio
De boémio errante e louco
Outras vezes sabe a pouco
Esse amor de desventura
Quando no peito nos dá um soco
Vira amor de amargura
Depois tem o amor ternura
Que pelo tempo vai passando
Esse amor não é aventura
São duas almas se adorando
Se eu te falar de amor
Direi que sou aprendiz
Por entre balões de dor
Vou vislumbrando, um amor feliz
08 fevereiro, 2009
«« Cansaço««
Cansaço das almas quebradas
Amordaçadas, ignoradas, retalhadas
De quem solta as amarras
E fica à deriva, perdida, sem vida
Um cansaço pesado como chumbo
Que não apetece acordar
Para enfrentar o mundo, recomeçar
Usa e abusa
Sem querer maltratar
Cansaço vieste para ficar
Cansaço ao nascer
Cansaço ao envelhecer
Teimando em viver
Cansaço, só uma pergunta
Não me queres esquecer?
07 fevereiro, 2009
««Vejo torto««
Tenho uma mão cheia de tudo
Uma sacola de coisa nenhuma
Apetece-me rir do mundo
Desfazer-me em névoa, em espuma
Em suma
Vivo de forma errante
Neste mundo descabido
Sou um átomo inconstante
Que em nenhures perdeu sentido
Ai que triste alarido
Minha alma ás vezes faz
Solta um grito contido
Bramando deixa-me em paz
Conter-se não é capaz
Neste mundo triste e louco
Em que tanta alma faz
Malabarismo por tão pouco
Quem sabe, sou eu que vejo torto
Nesta era não encaixo
Não te encontro graça, conforto
Triste mundo do bota abaixo
04 fevereiro, 2009
««Cantar-te nao sei««
Ai minha terra
Meu doce encanto
Vejo-te a alma
Coberta de pranto
De negro manto
Andas vestida
Sempre sonhando
Com outra vida
Minha terra agreste
Cansada dorida
Pelos ventos de leste
Pela chuva tingida
Ai minha terra
Cantar-te não sei
A conta perdi
O tanto que chorei
Uma coisa sei
Minha terra amada
Ao morrer te levarei
Na alma cravada
03 fevereiro, 2009
««Chuva que cai««
Olhando a chuva que cai
Do outro lado da vidraça
Minha boca cala um ai
Cala a dor cala a desgraça
Terra mãe que nos abraças
Renascendo nesta chuva
Uma lágrima se entrelaça
Ao olhar aquela curva
O meu olhar vislumbra
Um vulto lá adiante
Não passa de sombra confusa
Não sei se é bicho, se é gente
Só sei que vai na corrente
Desta chuva em cascata
Se for homem é descrente
Desta vida que logo o mata
Cai a chuva na chapada
Esta terra vai lavando
Minha alma se deleita, pasmada
Nos passos da chuva dançando
01 fevereiro, 2009
««Teu, meu, tempo
O meu tempo é o teu tempo
Dividimos o mesmo espaço
Pisamos o mesmo chão, contra-senso
Quase que sinto o teu abraço
Revolta em mar de sargaços
Deixo as ideias pairarem
Tentando decifrar os traços
Do que contas sem falar
Nosso tempo é um desvendar
De sonhos de medos contidos
Nossas mentes um fervilhar
De palavras, versos doridos
Raio de tempo dividido
Que teima em separar
As almas que buscam abrigo
Nem que seja num simples olhar
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