04 abril, 2009

«« Palavra em chagas ««


Palavra que chegaste vazia, em chagas
Servem-se de ti sem cuidado ou pudor
Transfigurada em versos de dor, torpor
Retalhada na lamina de uma adaga

Mãos atadas por sinuosas e geladas algemas
Presa no ódio, venerada e beijada no amor
Ai palavra, lembras-me um pobre agricultor
Tanta terra a semear, tão grande falta de enxadas

Só tu entendes os meus desabafos frios
Rebuçados sem sabor, de fel, tão amargos
Só em ti confio, és o meu negro instinto

Só eu te sinto em labaredas mornas… vivas
Cruel vaidade de medos e raivas tingidas
Dizendo-te as verdades no tanto que te minto

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