14 abril, 2009

««Asas de Condor ««


Imagino-me
Em asas de condor
Desbravando os céus
Desse Alentejo
Olhando lá do alto
Todo o seu esplendor

Ao sul
Avisto o silvado
Onde o melro
Solta o seu trinado

Ao norte avisto o ribeiro
Que corre matreiro
Em ziguezague
Sem cuidado
Corre, corre
Pelo descampado

A oeste
Desnudo o montado
Soberbamente engalanado
Ao calmeiro
Está o rebanho
O pastor
Dorme um sono tamanho

A leste
Avisto o monte
De branco caiado
Com ar estafado
De galinhas acompanhado
Os porcos
Estão no chiqueiro, afastado
Os cães
Dormem na casota
Mais abaixo
Se encontra a horta
O poço fica ali
Ao pé da palhota

Se eu fosse
Um condor
Uma águia real
Uma cegonha branca
Um melro negro
Uma cotovia airosa
Uma frágil borboleta

Voava
Nesse céu azul
Por terras do sul
Levava-te
A aragem fresca
Ao cimo desse monte
Onde te escondes
Nas horas de solidão

Na aragem
Curta mensagem
Escreveria

Estou aqui
Para te abraçar
Quer eu to diga
Ou não…

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