20 julho, 2010
«« Mar ««
Desço a ravina que leva ao mar
Por entre pedras soltas
Rebolam, e caem nas ondas
O mar é sepulcro de espuma no ar
Piso a areia molhada, um arrepio
A água gelada me lembra quem sou
Um pedaço de gente, que grita não vou
Entrar nesse mar, ainda morro de frio
Mais um passo em frente
E a água está morna
Aos poucos o mar se torna
Um feixe de luz airosamente
Entro nele timidamente
Uma onda me beija a face
Espero que ela me enlace
E avanço para o infinito
Subo a ravina que vem do mar
Trago no olhar uma esperança vã
Que me lembra folhas de hortelã
No peito vontade de bailar
Ao som das ondas numa tarde calma
Sentir-me leve, um lavar de alma
Ouvir uma voz, em palavra amiga
Correr na areia ter quem me diga
Entra nesse mar
Que o tempo está a espreitar.
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