31 agosto, 2010

«« Cinzas ««


Tantas vezes somos reduzidos a nada
Outras tantas dividimos atenções por nada
Espalhamos palavras efémeras
Como quem semeia névoas
A névoa não se semeia
Nasce na humidade da razão
Fugazmente nasce das gotas de chuva
A névoa alimenta-se da nascente.

Falamos de amor
Como quem espalha brasas
Que morrem na morrinha da cinza fria
Cheira a queimado
O travo que fica numa palavra amorfa

Dividimos atenções
Galanteios e ternuras
Esquecemos que a ternura
É pura
Tal como a névoa
Igual ás brasas
Contudo névoa e brasa não combinam

Tantas vezes somos reduzidos a nada
Ao tropeçar num caminho paralelo
Num buscar constante por entre brasas
Que viram cinzas
E cinzas que viram névoa
Sempre que o vento as sacode.

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