16 agosto, 2010

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Surpresas são armadilhas
Das mentes que estão cansadas
São embuste, grandes matilhas
De emoções asfixiadas

Surpresas são arremessos
De uma alma contida
Ou de mente dividida
Entre o fim e os começos
Quando já nada condiz
Com aquilo que se desdiz
A cada olhar humedecido
Pelo outro embevecido
Surpresas, são andorinhas

Negras de tão brilhantes
No seu voar abismado

Eu juro que surpresas
São amores inacabados
São beijos sem ser roubados
É o roçar da pele quente
É fugir como demente
Por uma rua sombria
Surpresas são eu diria

A noite antes do dia
A lua pelo meio dia

O sol depois da chuva
A hora que sempre muda
Em cada nova vontade
Surpresas são a saudade
Que bate á porta mansinha
É a cara de manhãzinha
Olhando o espelho já farto
Do cabelo despenteado
Do ar de quem quer dizer
Que logo ao adormecer

Surpresas quero-as longe
Quero-as num rio afogadas

Ou quem sabe as quero perto
Surpresas são peito aberto
Dividido em mil pedaços
Metade quer os teus braços
A outra metade, repensa
Que surpresas são compressa
Que as feridas vão sarando
Em cada frase saltando

Surpresa este poema
De uma fiz vintena
Tal qual uma novena
Que pede aos santos, ordena
Que te tomem pela mão
Que te guardem com devoção
Nesses caminhos perdidos
Porque não quero os cadilhos
De uma surpresa fria
Não quero que seja o dia
A dizer-me que se foi
Aquilo que a alma moí

Na surpresa do coração.
Surpresas são desleais
Saltam, saltam, como pardais
Suspensos na emoção

1 comentário:

AC disse...

Grato por passar por aqui, pois gostei muito.

Beijo :)