29 junho, 2009

«« Saco de serapilheira ««


Esvaziaste quase tudo
Pegaste pelas pontas gastas e ressequidas
Deste saco de serapilheira, que sou eu
Sacudistes, até me da por vencida
Não vale a pena fazer prevalecer os meus ideais
Esses são meus, não me separarei deles jamais
Quando nada faz sentido, tudo fica amarelecido
Igual a papel envelhecido
Num sem fim de razões, que nada mais são que, frustrações
E depois…
Tentas arejar a consciência, tantas vezes numa postura
Em que te vês como vitima, escassa conveniência
Aponto a pertinência
A tua, que moldas cada situação, pela bitola da aparência
Pela insegurança, no teu próprio eu
Aponto a minha pertinência
Que me perco na derradeira tentativa
De te mostrar que nada é perfeito, muito menos
O incerto da existência
Mas tu não entendes, ou eu não te olho
Ou tu não me olhas e eu não te entendo
Assim passamos os dias
Tentando cada um puxar a brasa à sua sardinha
Pobres tolos, na tentativa de alcançar a derradeira felicidade
Matamos a essência num rosário de amargura
Que vai apertando o laço, subtil do fracasso
Acabaremos por seguir em contra mão
Cada um munido da sua razão, ataremos o saco de serapilheira
Com a corda da ilusão, de seguida atamos-lhe uma pedra
Para que ao afundar-se no mar do desalento, não mais se atreva
A subir átona de agua.
Finalmente dormiremos em paz.

1 comentário:

* disse...

Um texto belo, cheio de alma, de sentimento, de vida e verdade, transparente...espelho da vida do comum dos mortais.
Belo! Nada mais a dizer... está tudo escrito na sincera abordagem do poeta.