09 junho, 2009

«« Desenraizei ««


Desenraizei, as vontades perdidas no tempo
Bruscamente as espalhei sem ter dó, reneguei,
Todos os sentires, que se infiltraram no lamento
Desbravando o ventre que me pariu, não chorei

Gritei, gritei, abraçando a luz, pena de mim não tenham
Virem-me as costas, deixem-me, caminhar sozinha
Pobres almas, que se consomem, não se detenham
Sou pasto, que virou funesta ladainha

Consola-me esta sensação esvaziada de cor
Anafo-me por entre a sombra da noite morta
Loucamente procuro os sonhos de um amor

Que se perde de mim, que se perdeu ao nascer, nem viu
A sombra fria, que teima em ficar na minha porta
A dor em mim, que submergiu, ao viver me atingiu.

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