13 junho, 2009

«« Conversam dois corações ««


Hoje conversei contigo, junto à lareira dos desejos,
Falei-te demoradamente, dos meus anseios, dos meus medos,
De um país adormecido, tão parco de sentidos.
Contei-te as diabruras de uma menina magricela,
Que via a vida límpida e singela, tal qual a flor amarela, que adorna o campo sul,
Onde enterro os desejos.
Falei-te dos grilos ralos, que teimam em, musicar as minhas noites, acabei por dizer,
O que deveria esconder, talvez esconder, por bem parecer,
Falei-te da solidão, de quem vive em contra mão, dos desejos, que carrego no coração,
Sim, falei-te da solidão, a minha maior aflição,
Escutas-te em silêncio, o brilho no canto do olho, dizia-me que, sim, entendias,
Compreendias cada palavra, para todas, guardavas resposta suave, como aquela claridade
Que entra pela janela, meia aberta meia fechada,
Deixa entrar a aragem, e diz-me,
Que acredite, que converso contigo, demoradamente,
Junto à lareira dos desejos, aqueles que procuro esconder,
Talvez um dia tenha esta conversa.
No dia em que o céu e a terra se unam, na força poderosa, e me tragam
A tua alma em forma de rosa,
Vermelha, rubra de emoções, de desejos aflições, de quem viveu solidões
E agora…
Conversam dois corações.

1 comentário:

Paula: pesponteando disse...

melancolico, suave, intenso, me invadiu completamente...isso faz parte de mim...linda poesia!
abraços