10 junho, 2009
«« Corre ««
Não me olhes, não vejas a transparência da morte que carrego,
Não essa morte, que costumas chorar, não, a morte do meu pensar.
Pensar, a força que me fez caminhar, novos matos desbravar, mas,
Cansei-me de raciocinar.
Porquê perder tempo, fazer-te perder tempo, com,
Ideias que nem eu entendo, com motivos que me afastam,
Sempre e sempre mais, da existência consensual, do que se diz normal,
Não percas tempo, passa, corre nas asas do vento, esquece o meu lamento,
Nada mais é, que simples tormento, tentando mostrar o que não é,
Corre pelo descampado da existência, procura a tua conveniência, e,
Não olhes, não vale a pena, ter pena.
Talvez valha a pena ter medo, do dia que vai nascer, da morte que chega sem bater
Da solidão desmedida, de quem cala e diz amem
Ao delírio, daqueles que nos julgam, que nos empurram, sempre e sempre,
Mais p`ro fundo do grande buraco sem fundo, a que chamam, clemência.
Pergunto quem me olha na sobrevivência.
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