17 julho, 2009

«« Fio condutor ««


Carrego nas costas uma dolência incolor
Símbolo natural de um fio condutor
Essência existencial onde se aproxima o calor
Nos dias que passam, nas noites de amor
Nos gritos que calo, uma musica ao sol

Carrego no peito, em laço lençol
De cetim rasgado de amarelo girassol
Trinado castiço, canto de rouxinol
Mas tão lento, tão lento como o caracol
Cada passo uma barreira, ao longe o caminho

Carrego nas mãos, o meu desalinho
Sacola já gasta, coberta de linho
Aqui e ali sobressai algum espinho
Pelos buracos se esvaem fios de carinho
Estrelas cintilantes, noites de luar

Carrego no olhar, toalha por bordar
Quem sabe um dia, vida a desbravar
Sonhos que se encontram, bocas a beijar
Corações unidos, caminhos a trilhar
Vidas que se aparam, fim de tarde a despontar.

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