20 maio, 2009

«« Pensei falar-te ««


Hoje pensei falar-te ,
As palavras não saíram, os verbos não se conjugaram
As ideias não fluíram, perdi a vontade de conversar
Hoje pensei dizer-te que te amava, não consegui
Não penses que deixei de te amar, não
Deixei de acreditar, de confiar
Simplesmente perdi a capacidade de imaginar mais além
Penso que deixou de existir esse além
Será que alguma vez existiu, ou foi imaginação
Quando uma lâmpada se funde, e não temos outra para a substituir
Assim acordei esta manhã
Num qualquer sonho agitado perdi parte dos meus sentidos
Perdi a parte que conversava contigo
Conversas em silêncio, em que só eu te ouvia
Falava-te da terra, da fonte de água fria
Contava-te as minhas dores, os meus desamores
Os sonhos perdidos num qualquer recanto coberto de pó
Falava-te das minhas esperanças, da necessidade de sorrir
De ser feliz
Disseste um dia, num desses longos diálogos quase em silêncio
Nunca a tristeza te vai abandonar, já é tarde para sorrir
Pensei nas tuas palavras dias a fio
Recusava aceitar, recusava imaginar
Esta manhã quando as palavras teimaram em não sair
Finalmente aceitei…
Não sei sorrir, nunca aprendi
E tu…. Não me ensinaste.
Esse foi o nosso erro.

3 comentários:

Vera disse...

Um poema cheio de sentimento. Gosto especialmente do final.. muito forte!

Beijo

José Rasquinho disse...

Gosto deste modo de escrever; simples e com sentimento!
Gostava de poder estar presente no encontro do próximo fim-de-semana, mas infelizmente não dá!
Parabéns pela iniciativa e pelo trabalho!

Anónimo disse...

o poema é isso mesmo, simples e linear na palavra, seara farta de emoções.
...o poema
deve ser
uma vara de zambujo
cortado pelo pé
esgalhado
hirto e seco
confirma o pastor
em frente ao rebanho
um nó
no peito do poeta...

como os seus
José Brás