
No tempo das cearas
Os campos eram verdes
Os sobreiros alegres
Os gafanhotos em colunas
Faziam um festim
Por campos de marfim
Na tarde quente. As brumas
Da noite fresca
Traziam o canto das cigarras
Os homens de samarras
Os gaiatos em festa
No tempo das cearas
O Alentejo era gente
Pobre mas contente
No olhar estampadas as almas
Dos que então partiram
Novos mundos descobriram
A terra ficou vazia
Mulher de negro sofria
Saudades, um filho ausente
A morte indolente
Da ceara de trigo
Agora penso foi castigo
À terra virar as costas
Oro de mãos postas
Que te traga o filho pródigo
Que no tempo das cearas
O verão não seja serôdio
Que a terra em regozijo
Se encha de trigo rijo
E a mulher de negro sossegue.
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