28 agosto, 2009

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( Glosas )

Mote…

Cai a chuva miudinha
Eu vou caindo a seu lado
Em cascata geladinha
Eu vou desfiando o meu fado

Fonte de vida rainha
Nos ribeiros de agua fria
Eu procuro acalmia
Uma trave que seja minha
Um teto pra me abrigar
Debaixo do céu estrelado
Tendo as nuvens por telhado
Os grilos por companhia
De manhã ao fim do dia
Cai a chuva miudinha

Alentejo meu amado
Do teu sangue me alimento
Respiro-te solto no vento
Aprendo com o teu passado
No teu passo moderado
Caminho por entre as ideias
Germinam feitas colmeias
Pelos campos alentejanos
Tombam em gemidos ciganos
Eu vou caindo a seu lado

Achei casa que me acarinha
Debaixo do velho sobreiro
Onde o gado está ao calmeiro
Casa pobre, mas é minha
Olho ao longe aquela linha
A que chamam horizonte
Vislumbro naquele monte
Uma nuvem em delírio
Desfaz-se em tons de lírio
Em cascata geladinha

Este calor abafado
Fustiga a velha planície
Sem pena, sem meiguice
Seca o restolho doirado
Cama de pastor cansado
Comida para o rebanho
Tanta dor mal tamanho
Aqui e ali um refrão
Na chuva que molha o pão
Eu vou desfiando o meu fado

1 comentário:

Paula: pesponteando disse...

Como sempre, seus textos são belos...e intensos...

abraços