12 janeiro, 2009

««Trovas de um simples pastor««



Ouço cantigas no vento
Desde o norte ao barlavento
Ouço cantigas sem tempo
Trazidas pelo vento suão
Que as deposita em minha mão

Ouço cantigas de amor
Um amor que aquece a alma
Na planície, na tarde calma
Onde entoa o clamor,
Das trovas de um trovador

Em versos de branca cor
Melodias de encantar
Ouve-se ao longe o pastor
Cantando pra não chorar

Perdido por entre o montado
Qual guerreiro encantado
Numa lenda de pasmar
Numa luta desigual
Seu rebanho vai guardando
Em voz rouca vai cantando
Seu amor a Portugal

No seu cantar cordial
O pastor alentejano
Pinta a paisagem rural
Em tons de ouro e castanho

Ouço cantigas ao largo
Na brisa que vai passando
Pelo campo se vai espalhando
Um sabor adocicado

Como quem esconde o amargo
Da vida de quem está cantando.

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