19 abril, 2010

«« Abro a boca ««


Abro a boca
Escancarando-a ao mundo
Estico o peito num gemido profundo

Se te parece coisa pouca
Espreita o meu caminhar vagabundo
Desnorteado pelas valetas
Onde apodrecem os loucos
Aqueles a quem chamam poetas
De coisa nenhuma, vestem-se de arestas
Polidas com lágrimas e ouvidos moucos
Escrevem, escrevem sem artefactos
Parecem não saber que a escrita é besta
Que parte apressada em linha recta
Acerta no alvo, e nos lábios
Entre-olham-se risos e choros
Nos lábios de um poeta louco
Não adormece palavra

Abro a boca
Escancarando o pensamento
Deixem-me rir feito louca
Daquilo que escrevo e lhe acrescento.

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