13 maio, 2010
«« Praga ««
Se eu cantar em alta voz, cantarei o meu
Sangue, jorrando da garganta em chaga
Cantarei, uma mulher morta, a saga
De uma planície, que um dia viveu
Os sonhos de outros, o Inverno gemeu
Num frio cortante, uma promessa em praga
Um grito da alma, vazia a malga
Remoendo a fome, uma mulher morreu
Aqui e ali, gravado no chão sem brilho
Estampado nos rostos, olhar de gentio
Aqui e ali, presos os sonhos de um filho
Que se foi na guerra, sem nenhum pavio
Se eu cantar em alta voz, é meu gatilho
Solto no ar, sem arma e muito cadilho.
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