28 junho, 2010
«« IV Temperança (O peso das minhas duvidas) ««
Perco-me tanta vez por entre a esperança
Vasculho cada detalhe da ilusão
Numa entrega que se rege pela sofreguidão
Com que tento afastar o peso na lembrança
Ai Deus, como pesa na solidão
Nas noites mais frias o vazio chora
Um choro baixinho, até romper a aurora
E de longe chegar o ladrar do cão
Penso tanta vez bato a porta, é hora
Será que ao longe o frio é mais quente
Será que o mundo era melhor sem ter gente
Serei eu capaz de viver, sem dia nem hora
Perco-me tanta vez e de forma diferente
Sempre que a solidão me lembra o ausente
Fico irracional, quase demente
Sou matéria oca mas contundente
Sempre que a ilusão me visita
Enfeito-me de sonhos e esperanças
Esbugalho o olhar, e entro na dança
Até a morte me parece bonita
Mas, o cão que ladra na vizinhança
Grita-me, olha o dia já nasceu…
Diz-me que alguém está pior do que eu
Recorda-me que a vida, é nada sem temperança.
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1 comentário:
Grandiosa expressão !
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