08 junho, 2010

«« Cala-te ««


Como querem que me cale
Se calada falo mais
Já sei,

Faço barcos de papel
Dentro deles acomodo
O que falo não falando
Deito-os do cimo do monte
Onde um riacho desperta
Segredando ás aguas salobras
Vão, mas não digam de que lado
O vento é mais certeiro
Deixem, quem pensa não pensando
Virar tronco oco e matreiro

Como querem que me cale
Se calada digo tudo
Pego num carvão apagado
E besunto a indiferença
Escrevo, não pensem que mudo
Falo igual a criança

No meu barco de papel
Embarcam gritos sem voz
Em cada grito calado
Se esconde uma seta veloz

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