03 junho, 2010

«« Penas ««


Deslizo como quem corre
Pelo impossível
Em cada segundo de vida
Um deslize, aquém saída

Por entre caminhos rudes
No impossível me enleio
Ora aqui ora acolá
Um enleio ao Deus dará

No deslize quase sufoco
Falta de ar agonia
Num repente olho de frente
Poço aberto água corrente

Deslizo como quem morre
De morrer perdi a conta
No nada que enche o rio
Minha mortalha, meu frio

Enregelada por dentro
Tapo o peito e não quero
Não quero que tenhas penas
Penas são grilhões, algemas

Que me escorregam dos braços
Sacodem a alma e moem
Penas são leves pedaços
Que aos teus olhos me consomem

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