06 junho, 2010
«« Cinzas ««
Ó cinzas que caiem hirtas,
Porque caem afinal
Não pensem que ficam extintas
Só porque querem, está mal
Submergem as palavras, submergem
Numa euforia, tristonha
E as almas deslizam no trem
De uma ideia enfadonha
Gela em cada um a tristeza
Sem dar conta, o pano cai
Meu deus rezam sem destreza
E deus dorme, como os demais
E num abismo sem fundo
Caem sempre aos trambolhões
Deitam as mãos à cabeça, num grito mudo
Olhem, olhem, como somos campeões
Por adiante, se persegue
Sem tino ou rumo certo
Afinal é pequenino o sinónimo que o segue
Aperto, talvez destino, nublado e encoberto
E eu aqui sem ver nada,
Nada que valha a pena
Ó cinzas que estão tresmalhadas
Por uma qualquer vintena
Se me lerem, e não souberem
O que escrevo afinal,
Quem sabe me compreendem
Se escrever sobre o banal
Mas disso não sou capaz, gosto de escrever sob cinzas
Imagino-me num vulcão, um rio de lava vermelha.
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2 comentários:
Um tema bem trabalhado com uma ideia central = as cinzas.
escrever sob cinzas
Cinzas que caem hirtas
Submergem as palavras e até as almas deslizam em ideias enfadonhas
Lindo demais, poeta !
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