27 janeiro, 2010

«« Reflexo ««


Olho o reflexo no charco que a chuva deixou
Olho, e não reconheço a trémula sombra, que me olha
Aqui e ali o cansaço abriu brechas e penetrou
Na pele baça, de repente o tempo parou
No deslizar suave da água que me molha

As mãos gretadas pelo frio de Janeiro
Mas que teimam em apagar a imagem reflectida
Mais perece borrão, sem tinteiro
Afinal de que te ris olhar matreiro
Não vês que finjo não ver, a tua testa franzida

Pelos anos que passaram, e eu por onde andei
Não dei por eles, tinhas que vir tu, sombra esbatida
Num qualquer charco em que embiquei
Dizer-me envelheceste, eu ganhei
Isso pensas tu, sombra torcida….

1 comentário:

Anderson Fabiano disse...

creio que seja possível escolher as poças onde buscamos nos reconhecer em imagens trêmulas. creio, ainda, que existam poças amigas... vou procurá-las. ao fim, só me restará uma certeza: eu sou real!
meu carinho,
anderson fabiano