15 janeiro, 2010
«« Erva daninha ««
Sou erva daninha, descobri
Afinal só o silêncio me quer
Sou pedra que rola por aí
Sou filha bastarda que atraí
Tudo aquilo que avier
Sonhei, atrevi-me, quem diria
Vi o sol abrir-me os braços
Imaginei que era dia
Que o amor resplandecia
Que terminavam os declives cinzentos
Mas a noite teima em dizer
És doida ninguém te quer
Tanto sonhas, acordada
Acreditas, sem pensar
És erva daninha ingrata
Nasceste tal um pirata
Em águas calmas surripiar
Porque te vês mulher altiva
Imaginas que tens direito
Ao amor divina dádiva
Não vês que nasceste cativa
Do frio que gela o peito
Do sangue que jorra morto
Da mortalha que enegrece
O poema absorto
Tal qual um poste torto
Que pouca solidez oferece
Descobri que tudo se afasta
Tudo tende a ir embora
É sol de pouca dura, um instante basta
Quem me quer entusiasta
Vira-me as costas, mas chora
Chora porque sou erva daninha
Daquelas que ninguém quer
Quando morrer morro sozinha
Se alguém me chora não adivinha
Que também choro e sou mulher.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário